Ivo Pitz
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Textos

Dia do NÃO

O referendo realizado em 23 de outubro de 2005 não foi exatamente da forma como havia sido proposto. O objetivo original era fazer com que a população brasileira referendasse ou não o comércio de armas de fogo no Brasil.

Há que se notar que, tanto o bloco que defendia o sim, como o bloco do não, fizeram mútuas acusações de mentiras. Até a Justiça Eleitoral teve que intervir, proibindo tal ou qual afirmação.

As mentiras não estavam apenas nos dois blocos: todo o referendo foi uma mentira. Foi uma mentira a exorbitância de em torno de 600  milhões de reais gastos com o referendo. Foi uma mentira a ilusão de que com o referendo, de acordo com o resultado, o Brasil amanheceria em paz ou guerreando no dia seguinte. Foi uma mentira o interesse manifestado por forças alheias aos interesses do povo brasileiro. Foram uma mentira as diversas ONGs organizadas especialmente para o referendo.

Não foi mentira a resposta que praticamente dois terços da população deu ao Governo, aos governantes e aos mandantes. O NÂO dado em alto e bom tom, na verdade, foi um SIM. SIM, queremos que o Governo cumpra a sua parte. Queremos que o Governo pare de gastar dinheiro em inutilidades. Queremos que o Governo, pelo menos uma vez, trabalhe. Que o Governo pare de mentir na televisão e nos outros meios de comunicação. Que o Governo invista mais, muito mais, em Educação, Saúde, Segurança e geração de empregos.

Apesar de  vários representantes de ONGs (e por sinal, todos estrangeiros) terem ocupado os jornais para dizer que o povo não entendeu a questão, que o referendo provou que o Brasil é um país de Terceiro Mundo (precisa de referendo para mostrar isso?), o referendo foi um SIM ao despertar para uma nova consciência nacional.

Consciência de que se precisa de um Governo (não um Governo mandado) que de uma vez por todas olhe as nossas necessidades marcadas pelo desequilíbrio social, pelo muito de poucos e pelo pouco de muitos; necessidades marcadas pela falta de cuidado com a agro-pecuária (a febre aftosa é um exemplo claro do descalabro), falta de cuidado em prevenção (se chegar a gripe aviária, salve-se quem puder).

Para concluir: o referendo saiu de seu objetivo primeiro: induzir a população a achar que os problemas de segurança no Brasil são gerados pelo próprio povo armado. O tiro saiu pela culatra. Os Governos (federal, estaduais e municipais) têm tempo ainda de mostrar para que vieram. Se demorarem mais um pouquinho, poderá ser tarde demais.

Ivo Pitz

Diretor de Divulgação e de Ass. Sócio-Culturais da Apade - Associação Paranaense de Administradores Escolares