Ivo Pitz
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Textos

Política, eu?

 O ser social
O ser humano é social por natureza; viver em grupo, em sociedade é a forma de melhor atingir o bem individual e o de todos. A forma de organização adquire, de acordo com a circunstância, vários tamanhos e formatos. O maior deles é o Estado. Segundo Aristóteles, a Política é a ciência suprema, à qual as outras estão subordinadas e da qual todas as demais se servem numa cidade. Para o mesmo filósofo, a maior felicidade está na Política, e o Estado constitui a expressão mais feliz da comunidade em seu vínculo com a natureza.
Desde os antigos gregos, que inventaram a Política, busca-se a melhor forma de organização. Ao longo da História nem sempre o bem comum foi o objetivo maior dos governantes: na maioria das vezes, a organização priorizou o interesse de poucos em detrimento de muitos. E hoje não é diferente.
Professor político?
O professor é um ser político? O aluno o é também? Sempre que se age tendo em vista o outro, é-se um ser político, pois cada atitude que repercute no outro tem a ver com o bem comum, ou com o mal.
O dia-a-dia do professor e do aluno é cheio de atos políticos. Especificamente na sala de aula, todo o relacionamento é político. O fato de o aluno gostar mais de uma aula, ou o fato de o professor se identificar mais com determinadas turmas, expressa claramente o resultado da política, da forma como um e outro agem em relação ao conjunto.
Isso é bom? É bom, porque a vida do ser humano está pautada pela diversidade. Diversidade de idéias também. É dali que se origina a discussão, o desenvolvimento. Na unanimidade o progresso está praticamente ausente. Na medida em que aluno e professor provocam o embate de idéias na sala de aula, estão contribuindo para a construção do sentido verdadeiro de política.
Política é para mim?
Infelizmente, para a grande maioria de nós, política é “para os outros”. É uma herança que, segundo Hilário Franco Jr. (2008), nos veio através de repúblicas italianas e dos espanhóis, e consiste na supremacia do Príncipe. Os “políticos” são outras pessoas, encarregadas da “política”. Nós nada temos a ver com elas. Este raciocínio esdrúxulo nos faz chegar a situações que vivemos hoje: muitos só pensam em política, quando se deparam com a necessidade de escolher os governantes; situações como as apontadas por D. Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte, para quem as eleições deste ano são uma oportunidade para “analisar nomes e tudo que está no limite da paciência”. “No limite da paciência” – explica ele, em artigo publicado por ZENIT (www.zenit.org) no último dia seis – “assim se define o sentimento das pessoas em relação à lista interminável de prioridades que estão no horizonte da sociedade brasileira – e que exigem atitudes e encaminhamentos rápidos e marcados por um aguçado sentido de utilidade.”
Quanto menos se estiver envolvido nas pequenas oportunidades de participar e discutir idéias, tanto mais se ficará ausente nos temas que afligem o país inteiro.


Autor: Ivo Pitz
Professor de Filosofia do Instituto de Educação do Paraná
Tesoureiro da APADE