Ivo Pitz
Timor Leste

TIMOR LESTE

HISTORIA- ( CRONOLOGICA )

TIMOR-LESTE, UM POVO, UMA NAÇÃO

"Seja no Tibete ou na Polônia, nos Países Bálticos ou no Pacífico Sul, em África ou nas Caraíbas, está demonstrado que a força e a repressão nunca puderam sufocar por completo o que se constitui a própria razão de ser de cada povo: o orgulho de ser ele mesmo; a capacidade de poder preservar, sem restrições, tudo quanto o identifique como tal; a liberdade de transmitir tudo isso à gerações vindouras; em súmula, o direito de gerir o seu próprio destino".

Xanana Gusmão, 5 de Outubro de 1989.

A RESISTÊNCIA VAI LUTAR PARA SEMPRE PARA DEFENDER OS DIREITOS DO POVO MAUBERE E MANTER VIVA SUA ESPERANÇA. SÓ ASSIM CONSEGUIREMOS FORÇAR A INDONÉSIA E OS PAÍSES QUE FORNECEM ARMAS E DINHEIRO PARA O REGIME DE SUHARTO, ESPECIALMENTE OS ESTADOS UNIDOS, A OBEDECEREM À LEI INTERNACIONAL E RESPEITAREM NOSSO DIREITO À AUTODETERMINAÇÃO".

David Alex ( Herói Maubere - Líder da Falintil - 14/01/97.)

Retrospecticao Histórica  de Timor Leste:

Ilha da Insulíndia, no arquipélago de Sonda, a Leste de Flores e de Sumba, situada entre o 8o. e 11o. de Latitude Sul. A ilha de Timor é divida em duas partes:
1 - Timor Oeste, território indonésio (19.000 km2; 603.000 hab. (est. 1971); capital Kupang.
2 - TIMOR LESTE, Ex - território Português (emancipado em 28/11/1975 e invadido pela indonésia em 07/12/1975), ao qual são associados o encrave de Oé-Cussé (Okussi -Ambeno que fica a noroeste na costa ( um apêndice na parte indonésia no mar de Savu) e mais duas pequenas ilhas; Ataúro e Jacó.
3 - Capital Díli, cidade de aprox. 150 mil (1997). (*)" tem aspecto mediterrâneo ao redor do porto natural, muitos de seu prédio são relativamente novos, uma vez que sofreu intenso bombardeio durante a Segunda Guerra Mundial, mas boa parte da arquitetura ainda traz o selo do seu passado colonial português".
(*) - Sílvio L. Sant’Anna

TIMOR-CLIMA E RELEVO:

A ilha tem uma cadeia central de montanhas, mais altas a oeste. O clima é quente nas regiões centrais, mais ameno nas montanhas e geralmente chuvoso. A secura do inverno austral explica a extensão da savana, que avança em prejuízo da floresta. O ponto culminante é o Monte Ramelau, (Timor Leste), com 2.920 metros.

TIMOR LESTE - ECONOMIA

Os principais produtos econômicos de Timor Leste são agro - pecuários como: o inhame, milho, café, fumo, borracha, sândalo branco, gado bovino, suínos, búfalos, etc. Há também o petróleo no mar de Timor. O qual juntou-se a Indonésia e a Austrália para explorá-lo e ao Timor Leste.
PIB: US$ 200,7 bilhões (1995)
Moeda/câmbio: rúpia (US$ 1,00=2,294 rúpias) fev/96
Principais atividades econômicas: petróleo, gás natural, agricultura, indústria têxtil, mineração, turismo.
Exportações Totais: US$ 23,5 bilhões (jan. a jun./96) (**)
Principais produtos exportados: café, borracha, madeira, petróleo, gás natural, estanho.
Importações Totais: US$ 21,3 bilhões (jan. a jun./96) (**)
Principais produtos importados: produtos químicos e farmacêuticos, fertilizantes, papel, ferro e aço, maquinaria industrial e comercial.
Saldo: US$ 2,2 bilhões (jan. a jun./96) (**)
Fonte: (*) - MICT/SECEX - dados preliminares
(**) - Economic and Social Commission for Ásia and the Pacific - United Nations

RESUMO - HISTÓRIA - TIMOR

PERÍODO

FATOS MARCANTES

1512
1520
Supõe-se que o seu descobrimento tenha se dado neste período, muito provavelmente em 1512 quando do descobrimento das Ilhas Molucas.
Obs:1 - Como ilha de especiarias, sua função foi no império português na Ásia, marcadamente mercantil. Principalmente com exportador do Sândalo Branco
Obs:2 - No séc. XVI, Portugal conquistou e manteve vários centros comerciais, (Molucas, Malaca, Sumatra, Timor, etc.)

1581

1640

De abril de 1581 a dezembro de 1640, com a união das coroas da Espanha e Portugal(60 anos).Com o fechamento do porto de Lisboa aos holandeses, então inimigos dos Espanhóis, estes começam a atacar o império português.

1594

1622

Os holandeses invadem diversas colônias portuguesas; Brasil, Angola, Malaca, Sumatra, Molucas, etc.)

1613

 

Os holandeses invadem a ilha de Timor.

1642

 

Portugal através de Tratado com a Holanda e Inglaterra, procura obter apoio político contra a Espanha.

1651

 

A posse da ilha de Timor, é disputada pelos portugueses e holandeses. Os holandeses, terminam a construção de uma fortaleza em cupão e passam a dominar o lado oeste da ilha.

1665

 

- É nomeado pelo vice-rei da Índia, Antônio de Melo e Castro, o primeiro capitão-mor, Simão Luís. Nesta época são freqüentes as guerras com os indígenas e as disputas com os holandeses.

1668

 

Portugal faz novas concessões aos holandeses e ingleses (territoriais, dinheiro e outros privilégios).

1668

 

Portugal faz a paz com a Espanha

1668

 

Restauração de parte do Domínio Colonial Português. Salvador Correia , expulsa os holandeses de Angola, com força organizada no Brasil.

1668

1769

A capital de Timor Leste é transferida de Lifau(Lifão), para Díli.

1820

 

D. João VI, nomeia governador Manuel Joaquim de Matos Gois, que manteve em paz a ilha.

18-

 

Meados do séc. XIX, a disputa sobre a posse da ilha tornou-se elemento dominante da política colonial portuguesa e dos governadores de Timor.

1844

 

- Timor e Macau passam a ter governadores da Índia(Goa).

1851

1859

Portugal através dos tratados de 1851 e 1859 é obrigado a ceder partes dos domínios português a Holanda. A (Ilha é oficialmente dividida). Ficando a parte oeste para a Holanda e a parte Leste da Portugal.

1904

 

Determinada a fronteira entre Portugal e Holanda na ilha de Timor.

   

A divisão oficial em Timor Oeste(holandês) e Timor Leste(português) é formalizada

1894

1942

- Tentativas de consolidação do domínio e pacificação da ilha.

1942

1945

Fevereiro de 1942 a setembro de 1945, ocupação japonesa. Com a saída dos japoneses, Portugal reocupa Timor Leste.

1949

 

Em 1949, as colônias holandesas das Índias Orientais, que incluem o Timor Ocidental(oeste), tornam-se independentes.

1960

Em 14/12/60, sob a resolução 1514, Timor Leste foi considerado pela ONU, território não autônomo, sob a administração portuguesa.

1961

Subandrio, Ministro indonésio dos Negócios Estrangeiros, declara na ONU, "Na metade da ilha de Timor que é portuguesa, não reivindicamos qualquer território".

1974

25/04/1974 "Revolução dos Cravos" queda da ditadura salazarista em Portugal e inicio do processo de descolonização Portugal cria em 27/07/74, uma Comissão para a Autodeterminação, "aceitando a independência de suas colônias" Os dois partidos políticos timorenses, FRETILIN e UDT, formam um aliança pela independência.

1974

25 de Abril de 1974, Queda da Ditadura Salazarista, com a Revolução dos Cravos, pôs fim a 50 cinqüenta anos de ditadura e 14 anos de guerra colonial.

1974

20/01 a 27/5 - Coalizão UDT-FRETILIN

 

Junho de 1975, Portugal por pressões da ONU, declara encerrada sua presença em Timor Leste. Díli, a capital é ocupada pela Frente Timorense de Libertação Nacional (FRETILIN), esquerdista, partidária da Independência Total e imediata. As tropas da Indonésia, invadem o Timor Leste, aproveitando-se da indefinição gerada pela retirada de Portugal, que até então administrava a ilha como colônia. A invasão ocorre depois que a FRETILIN, derrota numa breve guerra civil as forças da APODETI (Assoc. Popular e Democrática de Timor) dominada pelos conservadores e intregristas locais, que queriam a anexação a Indonésia.

1974

Em 03/08/74, Portugal entrega a ONU um memorando afirmando a disposição em cooperar com a independência das suas colônias.

1975

Suharto, declara em julho de 1975: "Timor não será independente".

1975

Agosto de 1975, desfaz-se a aliança UDT - FRETILIN, originando um curta guerra civil.

1975

28 de novembro de 1975, a FRETILIN, proclama independência de TIMOR LESTE.

1975

Começa em 7 de Dezembro de 1975, a invasão ao Timor Leste. "Os Estados Unidos esperam que o faça de forma eficaz, rápida e sem utilizar o nosso material", declarou Sr. Newson, embaixador dos Estados Unidos. A indonésia executa a "OPERAÇÃO KOMODO".

1975

12 de Dezembro de 1975 - A Indonésia invade o Timor Leste. A FRETILIN, é forçada a abandonar a capital timorense, Díli, sob forte bombardeio da aviação e navios da Indonésia. Apesar das sucessivas resoluções da ONU, pela retirada dos invasores e pela autodeterminação dos timorenses. A repressão à FRETILIN, que continua a resistir por meio de guerrilhas. A ocupação de Timor Leste é considerada ilegal pela ONU. É instalado ali, um governo fantoche. 80% dos 680 mil timorenses refugiam-se nas montanhas. Um ano mais tarde, foram já mortos mais de 100 mil timorenses.

1975

- 12 de Dezembro de 1975. Resolução no. 3485 (XXX), da Assembléia Geral da ONU, condena a invasão indonésia no Timor Leste.

1975

14 de Dezembro de 1975. O enclave de Oé - Cussi é ilegalmente anexado á província indonésia do Timor Ocidental(Timor Oeste

1975

1975 - 22 de Dezembro de 1975 Resolução no. 384 (1975), o Conselho de Segurança da ONU, condena a invasão, e solicita a retirada das forças indonésias.

1976 - 22 de Abril de 1976 Resolução no. 389(1976), o Conselho de Segurança da ONU, reafirma o direito a autodeterminação e independência do Timor Leste, solicita a retirada da Indonésia.

1976

Julho de 1976, A indonésia anexa o Timor Leste na marra, na força das armas. Mas essa anexação não é reconhecida pela ONU e a resistência continua a lutar pela Independência e Autodeterminação.

1976

Rompimento das Relações Diplomáticas entre Portugal e a Indonésia, a face a invasão e anexação do TIMOR LESTE. A ONU "pede a todos os Estados que respeitem o direito inalienável do povo do Timor à autodeterminação, à liberdade e à independência".

1976

O Presidente dos EUA, Gerald Ford, durante visita oficial a Indonésia, afirma que os Estados Unidos, manterão a ajuda econômica ao país. E cala-se diante do genocídio em Timor Leste.

 

14 de Setembro .Francisco Xavier do Amaral, primeiro presidente da RDTL, passa-se para o lado dos invasores.

 

23 de Setembro. Início de gigantesca ofensiva indonésia contra as Falintil.

1976

01 de Dezembro de 1976, a Assembléia Geral da ONU, Resolução reafirmando as resoluções anteriores da Assembléia Geral e do Conselho de Segurança da ONU, condena a anexação fraudulenta de Timor Leste como província Indonésia.

 

CC da Fretilin denuncia uso intensivo de bombardeios aéreos e de artilharia pesada contra a população civil. Execuções sumárias da população capturada, inclusive crianças e bebês.

 

17 de Junho. "Timor Leste encontra-se mergulhado em sangue e fogo", comunicado do CC da Fretilin.

 

22 de Novembro. Queda da última base de apoio da resistência, no Monte Matebian.

 

03 de Dezembro. Alarico Fernandes passa para o lado indonésio, entregando os aparelhos de transmissão da Rádio Maubere.

 

- 31 de Dezembro. Morre em combate Nicolau Lobato, segundo presidente da Fretilin e antecessor de Xanana Gusmão no comando das Forças Armadas da Fretilin, as Falintil.

 

Lenta reorganização da resistência. Início da fase de guerra clássica de guerrilhas. A indonésia controlava todo o país e acreditava que a FRETILIN esta derrotada. No entanto ressurgem das montanhas e matas de Timor inúmeros guerrilheiros liberados pelo símbolo incontestável da resistência do povo Maubere, Xanana Gusmão. Os Guerrilheiros enquadrados nas FALINTIL (Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor Leste), da qual Xanana Gusmão é comandante-chefe, ampliam suas operações conduzindo a guerrilha a uma resistência que conseguiu criar ligações com povoações estratégicas, resistindo a inúmeros ataques da ditadura indonésia.

 

06 de Janeiro. Autoridades indonésias impedem contato do Sr. W. Guicciardi, enviado especial do Secretário - Geral da ONU com a Fretilin.

 

06 de Abril. Comunicado da RDTL (República Democrática de Timor Leste), assinado pelo primeiro - ministro Nicolau Lobato, dá conta do "controle de mais de 80% do território pelas Falintil".

 

12 de Abril. "Todos os membros do comitê - central da Fretilin e do governo da RDTL deslocam-se livremente, as telecomunicações estão em funcionamento e também a Emissora Nacional emite três vezes por semana" ( Comunicado do governo da RDTL).

 

15/05 A 02/06 - 2a. sessão plenária do CC da Fretilin adota as "três grandes linhas orientadoras da revolução maubere; guerra popular, guerra prolongada, contar com as próprias forças"..

 

23 de Maio. Resolução aprovada pelo Parlamento Europeu proclama a necessidade urgente de "uma investigação internacional sobre os efeitos da ocupação indonésia sobre a população do Timor Leste".

 

10 e 11 de Junho. Ataque da Fretilin a alvos militares em Díli.

 

O número de timorenses mortos, sobe para mais de 200 mil. ( 1 habitante em cada 3).É um verdadeiro genocídio. Sujeitos a constantes bombardeiros, enfraquecidos e doentes, muitos timorenses são forçados a render-se. São, depois, reagrupados em campos vigiados, sem liberdade para cultivar a terra. A fome agrava-se. A submissão é só aparente: "De fato, eles continuam simpatizantes da resistência", lê-se num manual militar indonésio. A resistência armada, sob o comando de Xanana Gusmão, continua incomodando o invasor.

 

01 a 08 de Março. Conferência Nacional da Resistência discute rearticulação da luta contra os indonésios.

 

19 de Junho. Reunido em Lisboa, o Tribunal Permanente dos Povos condena a invasão e ocupação de Timor pela Indonésia.

 

24 de Novembro. A Assembléia Geral da ONU aprova por maioria a Resolução 36/50, que mantém o teor das anteriores e registra com satisfação a ajuda humanitária prestada aos timorenses.

 

09 de Novembro. Mário Carrascalão é nomeado governador de Timor pela Indonésia.

 

23 de Novembro. A Assembléia Geral da ONU aprova, por maioria a Resolução no. 37/30 de 23 de Novembro de 1982, requer do Secretário Geral da ONU, providência que permitam obter uma solução global para o problema, e apela à intervenção de organizações humanitárias.

 

Regime de Jacarta, manipula resultados de eleições, com o número de votos, superior ao de eleitores.

1983

A Comissão de Direitos Humanos da ONU, reconhece o direito da autodeterminação e independência do Timor Leste.

1983

23 de Março de 1983, a Indonésia propõe negociações à Resistência Timorense. Os contatos com vistas à paz realizados entre Xanana Gusmão (Fretilin), o coronel Purwanto ( comandante das tropas indonésias de ocupação) e o governador Mário Carrascalão, iniciados em fevereiro nas montanhas. Xanana Gusmão exige a participação da ONU no processo. Daqui resulta um cessar-fogo de seis (6) meses.

 

11 de Maio de 1983. Nomeação de Carlos Ximenes Belo como novo bispo – administrador apostólico de Díli.

 

06 de Julho. Resolução aprovada pela Subcomissão de Direitos Humanos do Homem reafirma o direito do povo de Timor à autodeterminação e independência, condenando a violação dos direitos humanos.

1983

Agosto/Setembro de 1983, durante tentativas fracassadas de negociações. O General indonésio Benny Murdani (em 17?08), rompe o cessar - fogo aceito pela FRETILIN, para desencadear uma maciça e violenta ofensiva contra ela, visando a liquidação da Fretilin. Desde então as condições em Timor Leste, tendo sido más, marcadas pela fome, epidemias, repressão a civis e combates entre a resistência (FRETILIN) e os invasores (INDONÉSIOS).

 

08 de Agosto. Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), manifestam a sua preocupação por Portugal não assumir com clareza as suas responsabilidades históricas, políticas e jurídicas na questão de Timor. Dias antes, o responsável pelas relações exteriores da Fretilin, Mari Alkatiri, condenou a política do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Jaime Gama, de total capitulação frente à Indonésia.

 

29 de Agosto. Início da Transmigração de indonésios - javaneses em sua maioria - para Timor.

 

12 de Novembro. Portugal e Indonésia iniciam em Nova Iorque negociações sobre Timor. Rui Medina e Queiroz de Barros por Portugal e Ali Alatas pela Indonésia.

 

A resistência, através do seu líder, Abílio Araújo, afirma que mais de 200 mil pessoas morreram pela Independência. A APODETI, rival da FRETILIN que estava derrotada em 1975, continua como governo fantoche dos indonésios, com Mário Viegas Carrascalão, a frente no papel de governador do Timor Leste.

 

07 de fevereiro. O secretário geral da ONU, Javier Perez de Cuellar, afirma em Jacarta que "não se deve fazer deste assunto (Timor Leste) um cavalo de batalha". Autoridades indonésias consideram esta frase um aparente reconhecimento da anexação do Timor Leste.

 

19 de Agosto. Reconhecimento da soberania da Indonésia em Timor pela Austrália através da declaração de Bob Hjawke, primeiro-ministro e líder do Partido Trabalhista.

 

16 de Setembro. "As Falintil possuem controle de vasta zona do país, de leste a oeste, do norte e do sul "(...) "prosseguiremos a luta contra a criminosa ocupação estrangeira, na incansável busca da vitória que sabemos ser difícil, mas confiamos, certa e inevitável" - transmissão da Rádio Maubere, de algum ponto do Timor Leste

 

24 de Setembro. Realiza-se em Nova Iorque o primeiro encontro oficial entre os ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e da Indonésia, respectivamente, Jaime Gama e Mochtar Kusumatsadja.

 

10 de Outubro. A Anistia Internacional divulga relatório acusando a Indonésia de torturas e outros abusos dos direitos humanos.

 

22 de Março. Fundação do Comitê Nacional de Resistência Maubere (CNRM), formada pela Fretilin e pela UDT.

 

03 de Agosto. Documento da Comissão de Defesa do Povo Maubere (CDPM), revela em Lisboa o massacre coletivo da população de Fo - Manu pelo exército indonésio.

 

02 e 03 de Maio - A CEE (Comunidade Econômica Européia) adota pela primeira vez atitude coletiva solidária com Portugal, mas paralelamente, procura não ferir suscetibilidade indonésia.

 

25 de Outubro. Austrália e Indonésia estabelecem acordo provisório para exploração petrolífera do Mar do Timor.

 

31de Outubro. Senadores norte-americanos em carta dirigida a George Schultz pedem intervenção dos Estados Unidos para solução do conflito em Timor.

 

01 de Novembro. Os Estados Unidos aceitam a incorporação -integração de Timor na Indonésia, embora reconhecendo que não houve um ato válido de autodeterminação, anuncia o porta-voz Charles Redman.

 

31 de Dezembro. Xanana Gusmão e estudantes timorenses abandonam a Fretilin, transformando-se em Resistência Nacional.

 

"Vamos morrendo como povo e como nação", escreve o Bispo de Díli ao Secretário - Geral da ONU. Monsenhor Belo pede um referendo, para que os timorenses possam decidir o seu destino.

 

A Austrália e a Indonésia aliam-se para explorar o petróleo do mar de Timor - Leste. Ao contrário do se que se passa no Koweit, a comunidade internacional cala-se e o genocídio continua.

1986

09 de Julho de 1986, Mário Soares (então Presidente de Portugal) discursa no Parlamento Europeu, manifestando sua indignação a invasão Timor Leste pela Indonésia.

1986

10 de Julho de 1986, Parlamento Europeu, aprova Resolução condenando a invasão de Timor Leste.

 

15 de Setembro de 1988, o Parlamento Europeu, aprova outra resolução condenando a invasão do Timor Leste.

 

31 de Janeiro. Abílio Sereno, estudante timorense perseguindo pelo serviço secreto indonésio, consegue fugir de Jacarta para Lisboa.

 

31 de Janeiro. Abílio Sereno, estudante timorense perseguindo pelo serviço secreto indonésio, consegue fugir de Jacarta para Lisboa.

 

02 de Fevereiro. Natalina Ramos-Horta, mãe de José Ramos-Horta, chega a Lisboa, após 13 anos de prisão decretada pela administração militar indonésia.

 

06 de Fevereiro. Provocando ira das autoridades indonésias, D. Ximenes Belo em carta a Perez de Cuellar defende a realização de referendo em Timor.

 

07 de Março. O arcebispo Dama Atmadja, porta-voz da Conferência Episcopal Indonésia, anuncia publicamente a visita do papa João Paulo II "a Timor - Leste e a outras províncias indonésias ".

 

24 de Maio. A ONU atribui ao presidente Suharto, o prêmio Fundo das Nações Unidas para Atividades da População, pelo apoio dado nos últimos 20 anos ao programa de planejamento familiar na Indonésia.

 

03 de Junho. É abatido em emboscada o comandante Oka, importante quadro militar da resistência.

 

13 de Junho. Jovens estudantes timorenses refugiam-se nas embaixadas do Japão e do Vaticano onde pedem asilo político e apelam à Anistia Internacional para que os ajude a sair da Indonésia.

 

14 de Junho. Portugal exige reconhecimento da autodeterminação do povo timorense como condição prévia para que se realize a visita de deputados a Timor.

 

05 de Setembro. Os líderes do CNRM, Abílio Araújo e Vicente Guterres, são recebidos pelo Vaticano.

 

I - Jornadas de Timor da UP - (10 a 17 de Setembro de 1989) - E A CONSOLIDAÇÃO DA CONVERGÊNCIA NACIONALISTA.

 

- 12 de Outubro. O papa João Paulo II visita Timor, onde permanece quatro horas. Missa em Taci Tolu. A visita é acompanhada de violentos protestos contra a ocupação indonésia.

1989

14 de Outubro. O CNRM, acusa o papa de não ter ido ao encontro das aspirações dos timorenses e de ser sucumbido à

 

influência de Jacarta, nomeadamente por não ter condenado energicamente as violações dos direitos humanos.

 

23 de Outubro. Em discurso pronunciado na UNESCO, Mário Soares defende  independência do Timor -Leste.

1989

- 23 de Novembro de 1989, o Parlamento Europeu; aprova outra resolução condenando a invasão do Timor Leste.

 

Uma festa de Natal, organizada por estudantes timorenses em Bali é reprimida por militares indonésios.

1990

03 de Janeiro. Guerrilha maubere derruba dois helicópteros militares indonésios na região de Baucau.

1990

17 de Janeiro. Estudantes manifestam-se frente ao Hotel Turismo em Díli, contra a presença do embaixador dos Estados Unidos, em visita ao Timor Leste. Indonésia reage desencadeando uma repressão em moldes militares, daí resultando a morte de 3 timorenses.

 

03 de Fevereiro. Benny Murdani, num discurso proferido em Díli, ameaça a guerrilha de esmagamento total, afirmando que "não existe uma nação timorense, apenas uma nação indonésia".

1990

II Jornadas de Timor da UP - (28 de Abril a 01 Maio de 1990) - DAR FORÇA À ESPERANÇA, APESAR DAS DIFICULDADES.

 

09 de Julho. Relatório anual da Anistia Internacional denuncia execuções em Timor.

 

30 de Agosto. Resolução aprovada pela Subcomissão dos Direitos do Homem, favorável a Timor, denuncia a violação de direitos fundamentais pela Indonésia.

 

17 de Outubro. Externato católico de São José, em Díli, é cercado pelo exército indonésio devido protestos contra a presença dos invasores no país.

 

17 de Outubro. Externato católico de São José, em Díli, é cercado pelo exército indonésio devido protestos contra a presença dos invasores no país.

 

28 de Outubro. Reportagem do The New York Times considera o Timor Leste como "o lugar mais triste do mundo

 

27 de Fevereiro. Queixa do governo português ao Tribunal Internacional de Haia sobre o acordo firmado entre a Austrália e a Indonésia para a exploração de jazidas de petróleo e gás natural do Mar de Timor.

 

III Jornadas de Timor da UP - (09 a 11 de Maio de 1991) - OU O APELO AO VATICANO PARA UM EMPENHAMENTO MAIS COERENTE NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS E NACIONAIS DOS TIMORENSES.

1991

O papa João Paulo II, visita Portugal.(Maio de 1991)
12 de Setembro. O Parlamento Europeu aprova uma resolução em que solicita à CE a suspensão da venda de armas à Indonésia.
 

10 de Novembro. Criada em Lisboa a Plataforma Internacional de Juristas por Timor, com a participação de 14 países.

 

1991 - Massacre de Santa Cruz ( 12/11/91) - o exército indonésio, abre fogo sobre uma manifestação pacífica: resulta em 271 mortos; 382 feridos; 250 desaparecidos e 362 presos.

1992

01 de Março. D. Ximenes Belo pede a autonomia de Timor, com base nas características históricas, culturais e religiosas dos timorenses (mauberes).

 

03 de Março. Mário Carrascalão defende período de transição do território para a administração indonésia que salvaguarde o seu patrimônio histórico e cultural e as suas ligações com Portugal. Carrascalão reconhece que o processo adotado para a integração não é o melhor.

 

6 de Março. Estados Unidos condenam o massacre de Santa Cruz, mas afirmam que o mesmo não reflete a política do governo indonésio.

 

1992 - 10 de Março. Chega ao Mar de Timor o navio Lusitânia Expresso, integrado na missão "Paz em Timor". Uma fragata indonésia dá ordem de retirada. Estudantes atiram flores ao mar.

 

18 de Março. Em Lisboa, o ministro dos Negócios Estrangeiros português acusa a Austrália de hipocrisia, enquanto seu homólogo australiano diz que Portugal deixou Timor num situação de carência revoltante e que a anexação é irreversível.

 

28 de Março. A Áustria interrompe programas de auxílio ao desenvolvimento da Indonésia.

 

01 de Abril. A Anistia Internacional divulga lista de 900 nomes de timorenses mortos, feridos, detidos ou desaparecidos entre o dia do massacre de Santa Cruz e fins de Janeiro.

 

03 de Abril. Fechado o Externato de São José, em comum acordo entre o Bispo Ximenes Belo e o governo da Indonésia.

 

1992 - IV Jornadas de Timor da UP - (Abril de 1992) - O MASSACRE DE SANTA CRUZ.

 

03 de Junho. Dois tenentes e um sargento do exército indonésio são condenados a penas de prisão de 12 a 18 meses por sua participação no massacre de Santa Cruz.

 

01 de Julho. Tribunal indonésio condena Gregório Cunha Saldanha à pena de prisão perpétua por participação na manifestação de Santa Cruz.

1992 - 20 de Julho. Governo português consegue inviabilizar acordo da Comunidade Européia com a Indonésia devido à questão timorense.

 

27 de Julho. Reunião anual do Comitê de Descolonização da ONU, em Nova Iorque, sobre o Timor Leste. Troca mútua de acusações entre os representantes português e indonésio.

 

11 de Setembro. Abílio Osório Soares sucede Mário Carrascalão no cargo de governador de Timor

 

Governo alemão declara que navios vendidos à Indonésia não podem ser utilizados contra Timor

1992

19 de Novembro. Xanana Gusmão, líder da resistência nacional maubere, é preso em Díli, no desempenho de missão clandestina na capital. Ao anunciar a captura de Xanana Gusmão, a Indonésia reconhece que um pequeno povo lhe resiste desde 1975. Xanana Gusmão torna-se o "Nelson Mandela" de Timor, tão incomodo na prisão como no mato. A resistência dos timorenses acabou por abrir brechas no muro do silêncio internacional e também na opinião pública indonésia

1993

05 de Janeiro. "Mau Huno, novo líder da resistência, reafirma que Ramos-Horta é o representante do Conselho Nacional de Resistência Maubere, considera Xanana um herói e elogia o presidente Mário Soares de Portugal e o secretário - geral da ONU.

1993

01 de Fevereiro. Início do julgamento de Xanana Gusmão em Díli.

1993 - 11 de Março. Em Genebra, a Comissão dos Direitos Humanos condena a Indonésia por sua persistente violação dos Direitos do Homem

 

03 de Abril. Mau Huno, é aprisionado pelos indonésios em Manu Fahi, no distrito de Ainaro. Konis Santana assume imediatamente o comando da resistência armada.

 

11 de Junho. A British Aerospace anuncia a assinatura de um contrato no valor de 500 milhões de libras para o fornecimento de 24 aviões de treinamento Hawk à Indonésia.

 

23 de Junho. Sete estudantes mauberes solicitam asilo nas embaixadas da Finlândia e da Suécia em Jacarta.

 

09 de Julho. A Ordem de Liberdade, atribuída por Mário Soares a Xanana Gusmão, é entregue ao seu filho na embaixada de Portugal em Camberra, Austrália

 

V Jornadas de Timor da UP - ( 22 a 29 de Julho de 1993) - DA DETENÇÃO DO LIDER MÁXIMO DA RESISTÊNCIA MAUBERE, XANANA GUSMÃO, À COOPERAÇÃO COM DEMOCRATAS INDONÉSIOS.

 

Xanana Gusmão, agora liderando a Resistência, é preso e levado para a Indonésia. A resistência acusa a Indonésia, de ter matado mais de 300 mil timorenses.

 

14 de Agosto. Indonésia recua na condenação à prisão perpétua de Xanana Gusmão, comutando a pena para 20 anos de prisão, a ser cumprida na prisão de Cipinang, em Jacarta.

 

20 de Agosto. Comissão dos Direitos do Homem da ONU

 

- expressa sua profunda preocupação pelas contínuas violações praticadas pela Indonésia em Timor Leste.

 

26 de Setembro. Deputados suecos que visitaram o Timor Leste anunciam seu apoio a candidatura de Ximenes Belo ao Prêmio Nobel da Paz.

 

21 de Dezembro. É noticiada a criação da Associação de Amizade Indonésia - Portugal, tendo por presidente Indra Rukmana, filho do general Suharto.

 

27 de Dezembro. Xanana Gusmão declara-se cidadão português, denuncia cerceamento da atividade de seu advogado de defesa, solicita advogado português e pede anulação de seu julgamento de Díli

1993 1993 1993 1993 - 1994 - 05 de Janeiro. Galvão de Melo, dirigente da Associação de Amizade Portugal - Indonésia, inicia visita a Jacarta, acusando Portugal, "sob a influência dos comunistas "de ter entregue Timor à Fretilin em 1975.

 

26 de Fevereiro. Grupos portugueses pró - Timor denunciam que 125 empresas com sede em Portugal mantém negócios com a Indonésia.

 

07 de Março. A Indonésia subscreve declaração sobre Timor em Genebra, aceitando, entre outras medidas, o deslocamento de um relator indicado pela ONU para investigar o massacre de Santa Cruz e a libertação dos presos.

 

1994 - CONFERÊNCIA SOBRE "TIMOR LESTE E A EXPANSÃO PORTUGUESA"- 16 de Março de 1994 - E O PAPEL DA IGREJA TIMORENSE. Conferência realizada na cidade do Porto, dentro das comemorações do 6O. centenário do nascimento do Infante D. Henrique "o navegador".

 

25 de Março. A residência do conhecido militante ambientalista indonésio Sr. George Junius Aditjondro, é apedrejada por "desconhecidos". O ato de violência sobrevem após sucessivas manifestações de agressividade verbal de parte das autoridades indonésias, indispostas com o ecologista após suas denúncias contrariando os números oficiais do massacre de Santa Cruz.

 

1994 ASIA PACIFIC CONFERENCE ON EAST TIMOR (APCET) REALIZADA EM MANILA, de 31 de Maio a 4 de Junho de 1994, primeira iniciativa fora de Portugal para discutir os problemas do Timor Leste. Suharto tenta sabotar de todas as maneiras a Conferência, exercendo tremendas pressões políticas e econômicas sobre o Governo das Filipinas, que proibiram a entrada de vários convidados estrangeiros ao Evento.

 

Dois soldados indonésios muçulmanos cospem para o chão as hóstias que comungaram durante a missa da festa de São José, em Remexio. Reações de protesto resultam na prisão de 11 pessoas.

 

Dias mais tarde o Bispo de Dili, D. Ximenes Belo, escreveu ao Chefe do Estado-Maior das Forcas Armadas da Indonesia, Gen. Feisal Tanjung,
manifestando-lhe, em nome dos catolicos de Timor Leste, a inquietacao profunda pelo incidente. Na carta o Bispo exige ao general a apresentacao publica de desculpas e a libertacao dos 11 timorenses presos. D. Ximenes recomenda tambem 'as comunidades catolicas que organizem uma vigilia de reparacao pelo ato e ao comandante militar local, Johny Lumitang, que peca uma maior prudencia aos seus soldados em Timor Leste. Com efeito, dias depois, (o5 de julho)este publicou no jornal diario de Dili Suara Timor Timur ("A Voz de Timor Oriental") um texto em que apresentava desculpas 'a populacao e onde anunciava que os dois soldados seriam julgados em tribunal militar. Afirmava tambem que "nenhum membro das Forcas Armadas indonesias tinha intencoes de cometer accoes como as que ocorreram em Remexio" e que muito lamentava o facto. Lumitang considerava tambem que a colera gerada entre os catolicos timorenses era "compreensivel"

 

CONFERÊNCIA DE ISERLOHN ( 30 de Setembro a 02 de Outubro/1994 - E O DESENVOLVIMENTO DA SOLIDARIEDADE ALEMÃ COM TIMOR LESTE

 

VI Jornadas de Timor da UP - de 04 de Outubro de 1994 e a 26 de Março de 1995 - "TIMOR LESTE, UMA RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL".,A Universidade Portuguesa assume um crescente papel e propõe uma maior internacionalização.

 

1994 - 06 de Outubro de 1994, Ramos Horta(CNRM) é recebido pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, após conversações entre representantes de Portugal e Indonésia, sob os auspícios do Secretário Geral da ONU.

 

Junho de 1995, O Tribunal Internacional de Justiça, reconhece também os Direitos de Timor Leste.

 

- Atribuição do Prêmio Nobel da Paz ao Bispo Ximenes Belo e ao Jornalista Ramos-Horta, timorenses ligados a causa da autodeterminação e independência do Timor Leste.

 

1996 - Outubro de 1996, o chanceler alemão Helmut Kohl, faz gestões por uma paz no Timor Leste, com a participação do povo do Timor Leste.

 

1997 - Junho de 1997. Assassinato pela Indonésia, do vice - comandante da Resistência Timorense, Davi Alex, capturado e torturado até a morte

1997

- 30 de Agosto de 1997. O chanceler Britânico, Robin Cook, anunciou que o Reino Unido vai apoiar política e financeiramente organizações de defesa dos direitos humanos na Indonésia. O país aumentará(começará) a pressão para que a Indonésia resolva a questão do Timor Leste, ex - colônia portuguesa ocupada em 1975.

 

Final séc. XIX - As coisas começa a mudar rapidamente. Portugal querendo incrementar seu poder econômico para alcançar seus rivais europeus e afastar as ameaças as suas colônias por parte da Inglaterra, Alemanha e França, desejosas de expandir seus impérios. Portugal tenta ampliar o desenvolvimento econômico e social de Timor Leste. Isto implicou muitas vezes em táticas opressoras, como o cultivo forçado de colheitas comerciáveis, trabalho forçado para construção de infra-estrutura no Território e a cobrança de impostos por cabeça.

 

Os métodos citados, levaram a um ressentimento geral e finalmente à violência em larga escala, culminando num levante neste ano. Liderados por um governante local.

 

reprimida com ajuda de tropas africanas da colônia portuguesa de Moçambique

 

A rebelião ameaça o controle português da capital Díli. Mas é violentamente.

 

Ocorre um revolta séria, que foi rapidamente sufocada.

Timor Leste - Dados estatísticos

ÁREA: 14.874 Km2. POP.: 952.118.000 ( 2001) CAPITAL: Díli (60 mil hab. estimativa 1980).
LÍNGUAS OFICIAIS: Tétum (mistura de malaio com melanésio, com muitas palavras de origem portuguesa) e Português, são as línguas oficiais. Parte da população fala o Bahasa indonésio, resultado da dominação pela Indonésia até 1998. COMPOSIÇÃO ÉTNICA: maioria da população de origem malaio-papua; minorias de chineses, árabes e europeus. INDEPENDÊNCIA: 20 de maio 2002.
SISTEMA DE GOVERNO: República. Presidente: José Alexandre "Xanana" Gusmão, desde 20 de maio de 2002. Data promulgação da constituição: 22 de março de 2002, em vigor desde 20 de maio de 2002.
LOCALIZAÇÃO: É a menor e a mais oriental das ilhas do arquipélago malaio. Situa-se a cerca de 550 km ao N da Austrália. De Timor Leste fazem parte também o enclave costeiro de Oecussi-Ambeno e as ilhas de Ataúro e Jacó. CLIMA: quente e úmido, ameno nas montanhas e extremamente chuvoso.ASPECTOS FÍSICOS: constituída por rochas antigas, Timor se caracteriza por montanhas escarpadas no interior, mais altas do lado Oeste. As altitudes são inferiores a 3.000 m; o pico mais elevado é o Romelau, com 2.972 m. A vegetação caracteriza-se pela abundância de sândalos, coqueiros e eucaliptos.
HISTÓRIA: a porção ocidental de Timor, com capital em Kupang, pertence à República da Indonésia. A porção oriental, com capital em Díli, pertencia a Portugal desde o século 16. Quando os primeiros mercadores e missionários portugueses aportaram na ilha de Timor em 1515, encontraram populações organizadas em pequenos estados, reunidos em duas confederações: Servião e Belos, que praticavam religiões animistas. O islamismo, cuja religião predomina na Indonésia atual, não tinha chegado a Timor, e nem mesmo o budismo que, sobretudo no séc.VIII, imprimiu a sua marca em Java.
No 3º quartel do século XVI chegaram ao Timor os primeiros frades dominicanos portugueses, através dos quais se vai desenvolvendo uma progressiva influência religiosa, ao mesmo tempo que se vai estabelecendo a dominação portuguesa. A evolução cultural processou-se em sentido oposto ao que se verificou nas atuais ilhas indonésias de Java, Samatra (Sumatra) e nas costas de Kalimantan e de Sulawesi, onde o islamismo se estendeu cada vez mais.
Em 1651, os holandeses conquistaram Kupang, no extremo oeste da ilha de Timor, e começam a penetrar até a metade de seu território. Em 1859, um tratado firmado entre Portugal e Holanda fixa a fronteira entre o Timor Português (Timor Leste) e o Timor Holandês (Timor Ocidental).
Enquanto cerca de 87% dos 180 milhões de indonésios se afirmam muçulmanos, em 1970 perto de um terço da população de Timor-Leste era católica e só 0,04%, isto é, 234 pessoas ao todo eram maometanas. Dois terços da população permaneciam fiéis aos cultos animistas tradicionais. Hoje, mais de 80% dos timorenses são católicos.
Entre 1945 e junho de 1974, o governo Indonésio, em obediência ao Direito Internacional, afirma na ONU e fora dela que não tinha quaisquer reivindicações territoriais sobre o Timor Oriental. Abrigado pela resolução 1514 (XV) de 14 de Dezembro de 1960, Timor Leste foi considerado pelas Nações Unidas como um Território Não-Autônomo, sob administração portuguesa. Desde 1962 até 1973, a Assembléia Geral da ONU aprovou sucessivas resoluções, afirmando o direito à autodeterminação de Timor Leste, tal como das restantes colônias portuguesas de então. O regime ditatorial de Salazar (e, depois, de Marcelo Caetano), recusou-se a reconhecer esse direito afirmando que o Timor Oriental era uma província tão portuguesa como qualquer outra de Portugal Continental.
A Revolução de 25 de Abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal, consagrou o respeito pelo direito à autodeterminação das colônias portuguesas. Visando promover o exercício desse direito, foi criada em 13 de maio daquele ano, em Díli, a Comissão para a Autodeterminacão de Timor. O Governo Português autorizou, então, a criação de partidos políticos, surgindo assim três organizações partidárias em Timor Leste: UDT (União Democrática Timorense), preconizava "a integração de Timor numa comunidade de língua portuguesa"; a ASDT (Associação Social-Democrata Timorense) depois transformada em FRETILIN, defendia o direito à independência, e a APODETI (Associação Popular Democrática Timorense), propunha a "integração com autonomia na comunidade Indonésia".
Em 1975, com a dissolução do império colonial português, aumentaram os movimentos de liberação locais. Em maio/1975, um projeto das autoridades de Lisboa foi apresentado aos principais partidos timorenses e, depois de ouvi-los, publicou-se em 11 de julho lei que previa a nomeação de um Alto Comissário português e a eleição, em outubro do mesmo ano, de uma Assembléia Popular de Timor para definir o seu estatuto político. O diploma previa um período de transição de cerca de três anos. Desde de janeiro de 1975, já estava em marcha um programa local de progressiva descolonizacão, através de uma Reforma Administrativa, a qual levou à realizacão de eleições para a administração regional do Conselho regional de Lautém.
Os resultados dessa primeira consulta popular puseram em evidência o fraquíssimo apoio da APODETI, e terão pesado fortemente na decisão indonésia de tudo fazer para desestabilizar e invadir o território, anexando-o pela força, já que se tornava óbvio que, por processos democráticos, os timorenses nunca aceitariam a integração no país vizinho. Já muito antes dessas eleições regionais era claro, para qualquer observador independente que visitasse o território, que os timorenses, na sua esmagadora maioria, recusavam totalmente a integracão na Indonésia. As diferenças culturais eram uma das principais razões de fundo dessa recusa.
Proclamada a independência, desencadeou-se a guerra civil. A Indonésia, a pretexto de proteger seus cidadãos em território timorense, invade a parte leste da ilha e a rebatiza de Timor Timur, tornando-a sua 27a província. Recebe o apoio tácito (velado) do governo norte-americano que enxerga a Fretilin como tendo orientação marxista. Promove em seguida uma perseguição aos simpatizantes da Fretilin, que se refugiaram no interior do país, e à população em geral, étnica e religiosa (a maioria da pop. de Timor Leste é animista ou cristã). Aproximadamente 1/3 da população do país, mais de 250 mil pessoas, morreram na guerra. O uso do português foi proibido, e do tétum foi desencorajado pelo governo pró-indonésio, que realizou violenta censura à imprensa e restringiu o acesso de observadores internacionais ao território, até a queda de Suharto em 1998. As torturas e assassinatos continuaram, apesar das sucessivas resoluções da ONU exigindo a saída das tropas indonésias e o direito aos timorenses à autodeterminação. (Sobre as violações de direitos humanos em Timor durante o governo Suharto ver este artigo em inglês da Universidade de Coimbra).
Em 1996 o jornalista Ramos Horta e o bispo de Díli, D. Ximenes Belo receberam o Nobel da Paz por sua defesa dos direitos humanos e da independência de Timor. Em 1998, com a queda de Suharto, após o fim do "milagre econômico indonésio", assumiu B.J.Habibie, o qual permitiu a realização do referendo, onde a população votaria "sim" se quisesse integração com autonomia à Indonésia, e "não" se preferisse a independência. O referendo foi realizado em 30/08/1999 e, com mais de 90% de participação no referendo e 78,5% de votos, o povo timorense rejeitou a autonomia proposta pela Indonésia, escolhendo, assim, a independência formal. Apesar disso, milícias pró-Indonésia continuaram a atuar no território, atacando inclusive a sede da UNAMET (os observadores das Nações Unidas) e provocando a fuga de D.Ximenes Belo para a Austrália (sua casa em Díli foi destruída por milicianos) e o asilo de José Alexandre "Xanana" Gusmão na embaixada inglesa em Jacarta. Os assassinatos, promovidos por milícias anti-independência, armadas por membros do exército indonésio descontentes com o resultado do referendo, continuaram.
As imagens despertaram protestos em vários países do mundo junto às embaixadas da Indonésia, norte-americanas e britânicas, e também junto às Nações Unidas, exigindo a rápida intervenção para cessar os assassinatos. Em Portugal nunca se viram tantas manifestações populares de norte a sul do país, desde o 25 de Abril de 1974. Pela primeira vez também a Internet foi utilizada em massa na divulgação de campanhas pró Timor e a favor da rápida intervenção da ONU.
Finalmente a 18 de setembro partiu um contingente dos "capacetes azuis" das Nações Unidas, uma força militar internacional composta inicialmente de 2500 homens, depois aumentados para 8 mil, incluindo australianos, britânicos, franceses, italianos, "gurkas" (soldados indianos do Nepal), malaios, norte-americanos, canadenses e outros, além de 51 brasileiros e 50 argentinos. A missão da força de paz era a de desarmar os milicianos e auxiliar na transição e na reconstrução do país. Em Portugal e em vários outros países organizaram-se campanhas para arrecadar donativos, víveres e livros.
Aos poucos a situação foi sendo controlada com o desarmamento dos rebeldes e o início da reconstrução de moradias, escolas e o resto da infra-estrutura. Xanana Gusmão retornou ao país, assim como grandes levas de timorenses no exílio, inclusive com formação universitária. Cresce o interesse pela língua portuguesa, que vai sendo ensinada nas escolas reconstruídas, ao lado do Tétum (falado pela maioria da população) e do inglês. Uma parte dos adultos jovens, porém (na faixa dos 18 aos 30 anos) aprendeu a falar apenas ou predominantemente o bahasa, durante a ocupação indonésia. A educação vai ser um dos grandes desafios do Timor Lorosae independente. **Uma observação: apesar da disseminação recente da palavra "maubere" referindo-se aos Timorenses, ela era um nome próprio muito usado na parte ocidental do território. Como era uma região pobre, daí provinham muitas pessoas que iam trabalhar como criados para as residências portuguesas no período colonial. Assim, "maubere" passou a significar "criado", "serviçal", e também "indivíduo estúpido". Ganhou assim, uma conotação pejorativa, virou um termo insultoso. Mesmo tendo sido adotado como designação pela ONU, e também por militantes da Fretilin, nem todo timorense a aceita.